“Nem todo mundo entende o que é ser refugiado, o estar em estado de refúgio. Não é porque você matou, porque você roubou… Não! Você saiu porque você precisava continuar a viver”.

O depoimento da moçambicana Lara faz parte do minidocumentário Recomeços: Sobre Mulheres, Refúgio e Trabalho, que será lançado amanhã, dia 29, às 9h30, no Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta, em São Paulo.

O filme encerra a segunda edição do projeto Empoderando Refugiadas, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e pela ONU Mulheres. A iniciativa tem o objetivo de promover a inserção de mulheres refugiadas no mercado de trabalho brasileiro.

No filme, as refugiadas dividem com o espectador suas trajetórias na busca por oportunidades para recomeçar a vida em outro país, abordam os impactos que o trabalho traz em suas relações familiares e sociais e refletem sobre a mudança nos papéis de gênero que vivem aqui no Brasil.

“Já falei tudo lá pro meu marido. Aqui tem muita lei para a mulher. Não pode jogar na mulher, não pode bater na mulher. Ele só me olha…”, conta sorridente Angel, da República Dominicana do Congo.

Outra personagem, Razan, nasceu na Síria, e diz que a sua vinda para o Brasil também trouxe grandes mudanças para sua vida e a de sua família:

“Antes eu não podia sair de casa, não podia ter amigos, não podia ficar com meu dinheiro. Agora, tudo pode. Eu saio, tenho amigas, eu tenho meu dinheiro, eu trabalho. Tudo agora pode. Eu estou free”.

Nesta, que foi a segunda edição de Empoderando Refugiadas, as participantes se reuniam todos os meses para fazer atividades que abordavam questões sobre o mercado de trabalho, empreendedorismo e também sobre direitos e cultura brasileira, saúde e bem-estar. Com a ideia de aumentar o acesso das mulheres refugiadas ao emprego formal, o projeto age de duas maneiras: uma é conscientizando sobre seus direitos e oferecer habilidades e ferramentas para a independência pessoal e financeira; a outra é promovendo a conscientização e sensibilização das empresas para a contratação de mulheres refugiadas.

Segundo informações da ONU, o mundo vive uma das piores crises humanitárias da história. De acordo com o último relatório Tendências Globais do ACNUR, o número de refugiados já é superior a 20 milhões. No Brasil, 9.552 pessoas, de 82 nacionalidades distintas já tiveram sua condição de refugiadas reconhecida, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Só no ano passado, 32% das pessoas que solicitaram refúgio no país eram mulheres.

“Nós estamos aqui para aportar [do espanhol, contribuir], não estamos aqui só para receber ajuda. Estamos para aportar e crescer como seres humanos”, afirma a colombiana Maria Clara no documentário.

É preciso receber estas mulheres, estas famílias, que fugiram de seu país para conseguirem viver e dar a essas pessoas condições para que elas possam seguir em frente em um novo país. Que as pessoas tenham a possibilidade de encontrar um projeto tão incrível como este que tenta de várias formas não deixar os refugiados desamparados e dar a eles visibilidade e possibilidade de ser independente e ter um trabalho digno. Sabemos que não são todos que têm essa oportunidade.

 

Serviço:

Lançamento de Recomeços: Sobre Mulheres, Refúgio e Trabalho
Quando: terça-feira, dia 29 de agosto, às 9h30
Onde: Espaço Itaú de Cinema  – Rua Augusta, 1470, São Paulo (SP)
 GRÁTIS

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