Imagine dois corpos – ou um monte deles – fazendo os mesmos movimentos, simultaneamente. Homens e mulheres, bailarinos e bailarinas dançando as ideias de Rodrigo Pederneiras. Ora vestidos com cores sóbrias, ora um tantinho mais coloridas. Para acompanhar, um jogo de luzes criado por Paulo Pederneiras e músicas de autoria do trio + 2, formado por Moreno, Domenico e Kassin. Isso é Ímã. 

Depois, imagine acompanhar um verdadeiro desfile de cores fortes que seguem as formas de algumas das maiores bailarinas do país. Cada uma com seu devido par, em passos que, quando finalizados, não conseguem ficar alheios aos suspiros e aplausos da plateia. Agora, os movimentos já não são idênticos; espelhados, se encontram na mais perfeita harmonia, também sob o jogo – impecável – de luzes de Paulo. Mas, desta vez, com canções do músico cubano Ernesto Lecuona, que dá nome a essa apresentação.

Íma e Lecuona são montagens do Grupo Corpo, companhia mineira de dança contemporânea que está completando 35 anos de estrada e, para comemorar a data, resolveu fazer uma turnê unindo esses dois espetáculos em uma única apresentação, intitulada ‘Ímã + Lecuona’. 

Apesar de não serem inéditas – Ímã havia sido exibida no ano passado e Lecuona subiu aos palcos em 2004 –, as montagens continuam arrancando “ahs” e “ohs” do público como se estivessem sendo vistas pela primeira vez. Pelo menos, foi isso o que se pôde perceber durante a estreia das apresentações, na última quarta-feira (11), em São Paulo (SP). 
Gostei mais de Lecuona, cuja coreografia é dividida em pequenas apresentações, feitas aos pares. A dança é mais quente e sensual e o figurino das dançarinas, como já disse, é super colorido, além de decotado. Juntos, vestidos, sapatos e sapatilhas dividem a atenção com a música e com a performance dos casais. As leitoras mais antenadas certamente não deixarão de espiar. Ah! E ainda tem a parte final, que reproduz um grande baile no qual as cores dão lugar ao preto e branco em um enorme salão de espelhos. Deliciosa e inesquecível surpresa! 
Mas, vejam bem: tantos adjetivos à Lecuona não significam que Ímã não seja igualmente incrível. A apresentação que abre a noite de espetáculos também é linda e os “passos” são de uma delicadeza indescritível. Só vendo para entender. Só que, em alguns momentos, Ímã é um pouquinho mais sóbrio e, por isso, se precisasse optar, ficaria com Lecuona. Aliás, eu e grande parte do público, já que o espetáculo foi escolhido por meio de uma enquete realizada na internet pela própria companhia. 
Então, se você gosta de dança ou até de ver os limites e a elasticidade que o corpo humano pode alcançar, ‘taí’ um programa imperdível!
A temporada em São Paulo terminou no último domingo (15) e agora ‘Ímã + Lecuona’ segue para Belo Horizonte (27 a 31 de agosto), Sal

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