Na cultura Inca, Pachamama é a “Mãe Terra”. Símbolo feminino de fonte de todo o mundo material, natureza e realidade. Ela é a Deusa responsável pelo bem-estar das plantas e animais.

Uma vez recebi um colar de meu filho com o símbolo de Pachamama, dizendo que foi a referência que ele teve de mim em sua vida. Essa sou eu: loucamente mãe! Iniciei meu texto assim para saberem exatamente quem sou. Alucinadamente apaixonada pela maternidade e pelos meus filhos. Felipe, de 28 anos, e Isabela, de 22.

Mas, como todas sabemos, nem tudo são flores. Para ser sincera, não foi nada fácil, não é nada fácil.

Engravidei aos 20 anos de idade, não tinha maturidade nenhuma, e depois de muitas terapias, hoje consigo contar que, ao me deparar com uma gravidez nessa idade, meu primeiro pensamento foi sim em abortar. Tamanho era o desespero, não sabia o que fazer! Mas graças ao pai e meu marido não fiz, e hoje vejo como meu filho é minha vida.

 

Falo que ele foi uma cobaia em minhas mãos, que não sabia nada. Tive depressão pós-parto, morando numa cidade estranha, com gente estranha para mim. Tive que fazer o meu melhor, que foi aprender com meu bebê todos os cuidados de um recém-nascido.

 

A maternidade é uma coisa mágica, é divina, mas não é fácil, principalmente para a mulher.

Após saber da gravidez e toda a “poeira abaixar”, veio a grande decisão de me casar. E quando falo decisão, acrescentem aquela porcentagem da pressão familiar e social que nós todas carregamos. Tudo isso envolvia deixar a faculdade e meus projetos para acompanhar, seguir e apoiar os projetos existentes do meu marido, que na época morava em outro estado.

O ponto que quero trazer é que essa história aconteceu há 28 anos atrás e vejo que essa realidade não mudou.

 

 

Acompanho pelas redes sociais algumas mulheres mostrando o lado perfeito de serem mães, de uma forma que parece não existir um lado difícil. Muitas vezes esse lado não é tão sentido, por terem o apoio de mãe, sogra, babás e auxiliadoras.

Uma delas conheci pessoalmente, a @betawhately, na época ela não tinha filhos, mas por ser mulher, uma superprofissional, já tinha todas as responsabilidades envolvidas em uma casa. Então, o meu ponto é que a mulher de hoje tem que trabalhar, cuidar da casa, ser linda, não deixar faltar papel higiênico, não sair com as amigas, e estar gostosa para o marido. A outra que sigo é a @luanapiovani, linda, maravilhosa, superprofissional, mas tem sempre que se virar para conseguir lidar com tudo. Isso falando das pessoas que tem suporte familiar e dinheiro.

Agora, vamos ser honestas e falar das mães eu, você e a grande maioria das mulheres.

Quando seus bebês nascem, um dos primeiros desafios é lidar com a empresa dando um jeito de demiti-la ou mudar seu cargo para que não “atrapalhe” a empresa.

Tem sim, mulheres que conseguem continuar suas profissões e terem os mesmos direitos dos pais, mas na realidade essa mulher é criticada a todo tempo. Conheço filhos que culpam seus traumas, seus insucessos, somente à mãe! A mãe não teve tempo de dar amor! A mãe não dedicou seu tempo à educação! Mas me pergunto, e o pai? Por que o pai nunca é culpado? Nunca entendi onde está escrito que a responsabilidade é só da mãe, que o peso maior é a mulher que deve carregar – isso excluindo o fato dos nove meses que carregamos, literalmente, o peso sozinhas.

Precisamos agora entender que o mesmo papel da mãe é também do pai.

Eu sempre fui desapegando dos meus objetivos para estar ao lado de meus filhos, meus planos se tornaram os planos de meu marido e filhos, e eu segui me adaptando, sempre me colocando em quarto lugar na escala de prioridades. Teve uma época em que montei uma cafeteria, maravilhosa, onde trabalhava muito, de segunda a segunda, só que sempre com a consciência pesada e lidando com as cobranças que iam além do meu negócio, as cobranças pelo fato de não estar junto à minha família.

É muito difícil ser mãe e ser uma profissional, o mundo te cobra.

Precisamos pedir para essas mulheres maravilhosas que sejam honestas ao publicarem sobre a maternidade, precisamos ser honestas para não frustrar as mulheres que passam pelas reais dificuldades de ser uma mãe profissional. Precisamos explicar à sociedade que filho é tanto do pai, como da mãe e que os dois têm os mesmos direitos de serem os profissionais que eles quiserem, aprendendo a dividir as tarefas.

A sociedade precisa entender e dar seu devido valor.

Por isso, acredito e luto por disseminar a verdade de quem coloca gente no mundo são diversas “Pachamamas”, lutando bravamente por sua profissão e por suas crias.”

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