Patricia Muricy é uma mulher como muitas de nós. Determinada, que sabe o que quer. Uma mulher que sempre quis ocupar espaços, que sempre soube que era capaz de realizar grandes coisas profissionalmente. Há 10 anos ela é sócia da gigante Deloitte, multinacional de serviços de Auditoria, Consultoria, Assessoria Financeira, Risk Advisory e Consultoria Tributária.

Há 21 anos na empresa, Patrícia cuida da área de gestão de riscos no Rio de Janeiro e lidera o setor de mineração no Brasil. Além disso, é responsável por ações internas na empresa de empoderamento feminino e participa do programa Growth, que tem como objetivo aumentar o número de mulheres na liderança.

Sua carreira na Deloitte foi de grande destaque. Patricia começou como treinée e foi se destacando e, com isso, foi sendo promovida. “Sempre quis trabalhar em uma grande empresa com um plano de carreira. Sempre gostei muito de aprender, de desafios. Gosto de mudanças e foi isso que me motivou a querer fazer sempre mais na Deloitte.”

Durante a carreira na empresa, ela diz que sempre lidou com liderança masculina, especialmente quando se tratava de lidar com clientes e que isso nunca a incomodou. No início ela diz que ficava sem saber como levar um cliente para jantar, para falar de negócios, sem que ele pensasse que eu, por ser mulher, tinha algum outro interesse com isso. “Aprendi que estava ali pra ajudar o cliente quando ele precisasse e procurando inovar sempre.”

Para Patricia, seu posicionamento forte diante dos desafios foi algo que a fez chegar onde está hoje. “Algumas coisas que fiz não são naturais de comportamento feminino. Uma certa vez, apresentaram um novo projeto e eu me dispus a participar, mesmo sem saber ao certo o que era, acho que o desafio foi algo que me trouxe até aqui. Isso aconteceu de forma natural.”

Entre 2003 e 2005, a executiva atuou pela Deloitte no Canadá e lá conhecia um programa de crescimento para mulheres na liderança e, naquela época, não entendi o por quê de existir um programa de incentivo. Acreditava que todas as mulheres eram capazes de chegar aonde queriam com muito trabalho.

Conhecendo melhor o programa e seus conceitos, passou a entender o quanto de desigualdade de gêneros ainda havia dentro das empresas e como as mulheres ainda tinham dificuldade de chegar no topo da pirâmide.

 

Eu queria entender por que as mulheres não chegavam na liderança, queria fazer com que elas quisessem ficar na empresa e crescer nela. Percebi como a empresa ainda valorizava culturas masculinas e  o quanto era importante mudar essa realidade.”

 

Hoje, Patricia diz que há um desafio em reter mais mulheres na empresa, muitas vezes por conta de compromisso com os filhos ou em relação à autoconfiança e olhar atento da liderança para essas mulheres. “Queremos mudar ter um olhar diferenciado para que a gente não perca mulheres de talento. As mulheres não podem achar que não tem vez.”

 

 

Mãe de dois filhos, Patricia disse que a gravidez nunca foi um problema para ela dentro da empresa, mas ela disse que se questionou bastante se daria conta de tudo. “Na minha primeira gravidez, estava em meu 2º ano como sócia. Passei o ano dizendo que ia desistir, que iria ficar em casa. Meu marido foi quem me incentivou a seguir em frente. Até eu chegar à conclusão de que eu poderia investir na minha carreira e minha filha poderia ficar bem, levou um tempo. Foi um ano de dúvidas e tive pessoas que me ajudaram muito. Percebi que era necessário apenas se organizar para dar conta de tudo. Saber quais são suas prioridades e deu certo.”

Agora, Patricia quer fazer a diferença também na vidas das mulheres que já são mães e as que estão grávidas. Por isso, estão implementando um projeto na companhia chamado De mãe para mãe. “Percebemos o quanto nossas dicas em relação aos filhos poderiam ajudar outras mulheres. Temos mais de 5.00 funcionários no Brasil, metade deles são mulheres, então, por que não montar um grupo de voluntárias pra ajudar essas mulheres? Muitas  pensam em engravidar e saem da empresa já achando que não darão conta. O objetivo é acolher essas mães, trocar experiências.

O projeto deve ser lançado ainda este ano e terá um conteúdo por meio de uma plataforma, que está dentro do nosso programa Growth, de capacitação para as mulheres, para que todas as funcionárias do Brasil todo possam acessar livremente. Tanto as voluntárias que irão alimentar o conteúdo da página, como aquelas que querem contar com a nossa ajuda nesse universo da maternidade.”

Patricia diz que como mulher, já enfrentou e enfrenta até hoje situações em que percebe o preconceito simplesmente por ela ser mulher. “Já aconteceu de me falarem ‘você nunca vai fazer parte do clubinho’. Em happy hours, sempre saía logo, porque percebia que me convidavam por educação e não porque queriam que eu estivesse lá.

Já houve situações bem chatas com cliente também, de eu ir fazer apresentação para um conselho e 90% ou mais ser composto por homens mais velhos. Quando você entra, a primeira coisa que fazem é te encarar e observar se está acompanhada por um homem. Mas, normalmente depois que eles veem que você tem conhecimento sobre o que está falando, esse preconceito desaparece.”

Patricia é uma mulher que gosta de desafios, de fazer coisas diferentes, de permanecer em constante movimento e este é um de seus planos. “Minha paixão é desenvolver pessoas. Quero ver as pessoas crescerem, quanto mais elas crescem, mais elas me ajudam também, porque consigo encarar outros desafios. Meu plano é continuar me desafiando sempre. Quero continuar aprendendo e continuar crescendo cada vez mais. Como mulher e mãe, quero fazer dos meus filhos cidadãos conscientes. Meu maior plano pra eles é que cresçam sendo boas pessoas.”

Para as mulheres que estão fazendo planos para ocupar seus espaços já no próximo ano, Patricia deixa uma dica importante para que todas possam conquistar seus espaços. “Pense grande, não se contente com pouco e não abra mão do que realmente é importante. Tenha uma lista do que é essencial seja na vida pessoal ou profissional e não negocie isso. Os desafios nos fazem crescer. Vejo muitas pessoas reclamando da sua posição ou do projeto em que estão envolvidos, mas na verdade essas situações são a oportunidade de mostrar o seu talento.”

Gostamos de contar histórias de mulheres inspiradoras como a Patricia. Queremos ver cada vez mais mulheres ocupando espaços, mostrando que a equidade é bom pra todos, inclusive pra empresa e pra economia do país. Que vejamos cada vez mais mulheres realizando seus planos.

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