Nós, mulheres, conquistamo cada vez mais espaço no mercado de trabalho, somos 42,6% do contingente profissional no Brasil e ocupamos funções até então dominadas pelos homens. Mas, não cansamos de falar por aqui que ainda ganhamos menos que eles e é muito difícil chegarmos ao topo da pirâmide corporativa, em altos cargos de direção ou conselho das empresas. E essa realidade é mundial. Nos Estados Unidos, só 1% das cadeiras de CEO é ocupado por mulheres.

Desde os anos 70, quando a revolução feminista inflamou o mundo, a mulher convive com a sensação claustrofóbica gerada pelo fenômeno “teto de vidro”, em que até enxerga o topo, mas não consegue chegar lá. A expressão surgiu há 40 anos para explicar a dificuldade das americanas em conseguir ascensão profissional. Pois é, mores, décadas se passaram, e a gente vê todos os dias que isso ainda é uma realidade.

“A sensação que temos é de que as mulheres estacionaram”, diz a historiadora Mary Del Priore. “Como se já tivéssemos conquistado tudo o que podíamos.”

 

A mulher tem mais dificuldade em pedir aumento e isso foi contatado por uma pesquisa da revista britânica “Grazia”. De acordo com o levantamento, 80% das inglesas se consideram mal pagas, mas dois terços delas nunca pediram aumento. Quem pediu, confessa ter sido um dos momentos mais estressantes de sua vida. “Mulheres são educadas desde cedo para prestar atenção no outro, nunca falar alto nem pedir algo para si próprias”, justifica a americana Sara Laschever, autora do livro “Women Don’t Ask” (Mulheres Não Pedem) e “Ask For It” (Peça!). Resultado: a profissional que pede aumento é vista por suas companheiras como agressiva. “As mulheres confundem agressividade com assertividade, esta sim uma característica tipicamente masculina e superimportante no trabalho”, ressalta a psicóloga Mônica Portella.

Pode parecer mentira, mas pra grande maioria das mulheres, fazer network ainda é algo muito difícil. Pros homens isso parece soar muito mais natural, já pra elas, costumam tachar esse tipo de relação como “interesseira”. “Elas são ótimas para fazer amigos no trabalho, mas não para construir uma rede de contatos profissionais”, concluiu Gail McGuire, pesquisadora da Universidade de Illinois (EUA), que conduziu um estudo com seis mil profissionais de uma empresa americana. Para ela, a mulher não cria uma rede poderosa porque está na base da pirâmide corporativa e tem mais dificuldade de chegar em profissionais de cargos mais elevados que poderiam ajudá-la.

Outra questão que é sempre um fator complicado para o desenvolvimento da carreira feminina é a maternidade, apontada como a principal razão para a desaceleração ou retirada da mulher do mercado de trabalho, mas há também questões culturais, como o sexismo e o machismo, barreiras muito mais difíceis de serem derrubadas, uma vez que estão arraigadas em homens e mulheres. Mestre em história pela Universidade de Brasília, Betina Stefanelli entrevistou físicas para investigar o que emperrava a ascensão profissional nesta área,  que é uma das carreiras mais fechadas para o sexo feminino. Na física, características “masculinas” como a objetividade e o raciocínio linear são consideradas fundamentais para se produzir conhecimento científico. Em sua pesquisa, Betina constatou que, além do “teto de vidro”, há um “labirinto de cristal” que também dificulta a ascensão profissional da mulher. Ou seja, as barreiras não estão só no topo, mas em toda a trajetória da carreira.

 

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Esta é uma realidade difícil de mudar, mas que já está acontecendo. Aos poucos, mas está. Mulheres estão se preparando cada vez mais pra ocupar cargos de liderança e de grande executivas e elas podem ocupar esses espaços. Podem ocupar quais quiserem. O que falta, na verdade, é o topo da pirâmide, os homens que ainda estão lá perceberem que as mulheres merecem uma oportunidade de alavancar suas carreiras, de chegarem ao topo também em pé de igualdade com os homens, pois somos tão merecedoras e competentes quanto eles. O que queremos, é ter oportunidade de caminharmos juntos. Homens e mulheres com direitos iguais, com posições iguais, com salários iguais para o mesmo cargo. Continuamos na luta e vamos chegar lá! GRL PWR!

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