Você sabe por que escolhe um hambúrguer a uma salada? Por que prefere comprar uma roupa de marca famosa (e cara)?  Por que gosta tanto de consumir e, no fim do mês, não vê dinheiro mais na conta? Responder questões sobre como fazemos escolhas de consumo é função da Economia Comportamental, uma área de estudo que ainda é pouco disseminada no Brasil e incorpora descobertas da psicologia, neurociência e outras ciências sociais. “Estudamos as influências sociais, emocionais e do inconsciente sobre a forma como escolhemos algo. Isso tem aplicação prática no mundo das finanças, em como consumimos e promover mudanças que possam gerar bem-estar, saúde e tranquilidade financeira”, comenta Flávia Ávila, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília (UnB) e da ESPM.

Incomodada com a baixa popularidade desses estudos em universidades do Brasil, Flávia voltou do mestrado no CeDEx group (Centre for Decision Research and Experimental Economics) com a intenção de mudar isso. Foi assim que surgiu a ideia de criar o 1º Guia de Economia Comportamental e Experimental em português.

Ela conseguiu, para isso, permissão para traduzir diversos artigos dos mestres internacionais do assunto e convidou professores brasileiros a escrever sobre o tema. Participarão do livro professores das americanas Yale University, Harvard, Princeton, University of Chicago e Berkeley, da britânica LSE e das brasileiras FEA-USP, Coppead-UFRJ, Universidade de Brasília, Insper e Mackenzie.

“O tema já rendeu três prêmios Nobel de Economia: em 1978 para Herbert Simon, em 2002 para Daniel Kahneman e em 2013 para Robert Shiller. Apesar disso, os estudos no Brasil ainda estão em estágio inicial e concentram um número relativamente pequeno de pessoas”, explica Flávia.

Para isso, o projeto conta com a ajuda financeira de pessoas interessadas na área, por meio de uma campanha de crowdfunding que termina na sexta-feira. Com doações a partir de R$ 20, o livro será lançado em novembro e disponibilizado gratuitamente no formato digital.

O Plano Feminino conversou com a Flávia para entender melhor como o tema pode ajudar as pessoas a controlar melhor sua vida financeira. Leia um trecho da entrevista:

Plano Feminino – Qual a importância da Economia Comportamental para nossa vida?

Flávia Ávila – A Economia Comportamental abrange inúmeras questões do nosso dia a dia, afinal, tomamos decisões a todo momento. E, ao estudar mais a fundo o ser humano, seus estudos e aplicações podem melhorar as nossas escolhas nas mais diversas esferas. A Economia Comportamental estuda as influências cognitivas, sociais e emocionais que influenciam na nossa decisão. Seja no contexto de compras ou para promover mudanças que possam gerar bem-estar, saúde e tranquilidade financeira, os estudos da Economia Comportamental movem o nosso olhar para detalhes antes desconsiderados. Quando surge um problema, muitas vezes pensamos em soluções grandiosas, mas, frequentemente, os resultados desejados podem ser atingidos por meio de mudanças nos pequenos detalhes.

Plano Feminino – Como a Economia Comportamental pode ajudar nas finanças pessoais?

Flávia – Existem muitos estudos sendo desenvolvidos nessa área. Há professores estudando sobre mecanismos e ferramentas que ajudem as pessoas a controlar melhor as finanças, como investimentos programados e dispositivos de comprometimento. A ideia é que, sabendo dos meus pontos fracos, que eu não consigo guardar dinheiro, optar por uma aplicação programada da poupança é uma boa opção. Estão sendo testados ainda programas em que as empresas oferecem aos funcionários um produto de poupança privada.

 

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