Em minha primeira participação no Plano Feminimo, gostaria de falar de Empatia e do ENEM.

Muitos  se perguntam qual  seria a fórmula mágica para  converter um homem machista em um homem feminista. Muitas de nós feministas, defendemos que o homem, macho dominante, nunca vai ceder, pois o opressor (homem) nunca abriria mão de seus privilégios em favor do oprimido (mulher). E se contarmos que até o oprimido (mulher) reforça o sistema machista, piorou!

Será que estamos em um beco sem saída? Será que é possível fazer com este machista se coloque no lugar da mulher oprimida e atenda às suas reinvidicações? É possível mudar e gerar mudança?

Recentemente, assisti a uma palestra que falava que a empatia era a principal habilidade de alguém que deseja ser um change maker, ou seja, agente de mudança. Simpatizei muito pelo tema e também acho que a empatia tem tudo a ver com o momento que o femismo passa hoje no Brasil.

Mas o que seria empatia?

A empatia é a capacidade de sentir o que sentiria uma outra pessoa,  caso você estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É olhar uma situação com o olhar do outro. É tentar compreender seus sentimentos e emoções, é sentir o que o outro sente.

Todos os dias a caminho do trabalho eu passava por um mendigo. Grande parte das vezes, ele estava bebendo álcool, então eu apressava o passo e passava direto. Mas certo dia, quando me aproximava dele, algo me chamou atenção. Ele estava sentado e dignamente com um ar intelectual, ele lia um livro. A curiosidade me fez encurtar o passo. E sem que eu me desse conta, ele levantou a cabeça e nossos olhares se cruzaram. Naquele momento nasceu a minha empatia por aquele homem. Nunca mais consegui passar por aquela calçada sem cumprimentá-lo. Sentia falta quando ele não estava ali, me perguntava se naquela noite de inverno, ele teria encontrado um abrigo, ou quem sabe, ele teria voltado para a família.

O que tudo isso tem a ver com o ENEM?

O grande mérito do ENEM é trazer a empatia para o centro do debate. Ao convocar 7 milhões de jovens a refletir sobre a violência contra mulher, o ENEM gerou empatia pela causa da mulher oprimida, sofrida e sem voz. Ao escrever uma redação sobre este tema, os estudantes, pelo menos aqueles que desejavam escrever uma boa redação, tiveram que se colocar no lugar daquela mulher oprimida, olhar o machismo com os olhos dessa mulher, apropriar-se dos ideais feministas, saudar as precursoras do feminismo, concordar com a lei do feminicídio e desejar, nem que seja  apenas durante aquela uma hora de prova, que todos nós fossemos considerados iguais independentemente de raça, sexo ou religião.

Sinto-me esperançosa. Aquele estudante que viu o machismo sob a ótica da mulher oprimida, ele nunca mais será o mesmo. A empatia deixa sempre suas marcas. Afinal, “a mente que se abre para uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original” (Albert Einstein).

Queremos mais ENEM´s como este, queremos mais empatia e que nunca falte o amor.

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