Alunas de uma escola particular aqui de São Paulo criaram um coletivo feminista e reúnem-se semanalmente numa sala cedida pela direção da escola. Outro dia uma das moças postou uma foto em que falava sobre depilar ou não as axilas: a escolha é dela. O que seria uma postagem simples sobre uma escolha dela sobre o corpo dela, transformou-se em inferno: muitos rapazes ficaram ofendidos com a postagem e iniciou-se uma pequena perseguição on-lin e também ao vivo. As moças precisaram pedir ajuda à coordenação da escola.

Estamos em 2016, e ainda há – aparentemente muitos – rapazes que acham que podem decidir como uma mulher deve se vestir, o que deve fazer com seu corpo, e como deve pensar. Não só acham tudo isso, como se ofendem. Estamos em 2016, e muitas pessoas ainda agem como se fosse 1950, rapazes que são de uma nova geração e podiam abrir suas cabeças ainda acham que é aceitável ofender uma pessoa pois ela escolheu se vestir de um jeito, depilar ou não depilar o próprio corpo, pensar de uma maneira mais desafiadora.

Mas hoje minha intenção é focar no positivo. É pensarmos nas coisas boas, e tentarmos ver o lado bom disso aí que aconteceu. Vamos lá, hoje estou Camilinha Good Vibes.

Moças estão se unindo com um propósito em comum. Moças estão se unindo e defendendo umas às outras. Jovens estão mostrando ao mundo que o corpo é delas sim. Moças unem-se semanalmente para apoiar umas às outras e combaterem o machismo.

Recentemente eu acompanhei a luta dos alunos de escolas estaduais em São Paulo. Visitei uma das escolas, a Fernão Dias Paes, conversei com os alunos responsáveis, doei comida, me voluntariei para dar aula. Muitas meninas estavam ali, talvez mais meninas que meninos. E elas lutaram muito, enfrentaram polícia, levantaram as vozes para mostrar que querem ensino melhor nas escolas estaduais.

Adicionei duas das meninas ao meu Facebook, e acompanho as publicações delas. Muita luta contra o machismo, muitas lutas pessoais, muitos ideais, e também muita tolerância, muita compreensão com o próximo; e aquele frescor de opiniões que só os jovens têm. Fico tão, mas tão feliz em ver que no meio de todo o preconceito, de todo o pensamento ainda ultrapassado de muita gente, exista por aí muitas moças querendo mostrar ao mundo que as coisas têm que mudar.

Eu consigo ter uma pontinha de esperança nessa nova geração quando vejo uma aluna minha ajudando a organizar um coletivo que ajuda outras meninas, e quando fico sabendo que elas se uniram pra defender uma amiga, e pra combater o machismo dos colegas. Meu coração fica quentinho quando eu vejo que a tal competitividade feminina, o tal ciúme que mulher sente de mulher está sendo, aos poucos, descontruído.

E desconstruído com amizade, com companheirismo, com empatia. Quando eu vejo moças indo pras ruas, enfrentando policiais, lutando pelo que acreditam, de punhos levantados, eu fico achando que talvez, apenas talvez, o mundo ainda tenha salvação. Quando eu vejo que nessa nova geração existem exemplos maravilhosos de coragem e de tolerância eu penso que as coisas estão mudando, a passos de formiga, mas estão mudando. E se depender dessas moças, vão mudar é pra melhor.

Parabéns, alunas da escola que não vou identificar, parabéns alunas das escolas estaduais: vocês estão, sim, fazendo a diferença para um mundo um pouquinho mais tolerante. E tolerância talvez seja o que mais precisamos nesses tempos tão bicudos.

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